O PODER DA ESCOLHA

 


O PODER DA ESCOLHA

 

Texto bíblico:  Gênesis 4.7

“Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”

 

INTRODUÇÃO:

Gênesis, o livro inicial da Bíblia, nos leva de volta ao início da criação, à formação do mundo, e nos apresenta à primeira família, os primeiros seres humanos formados e os primeiros nascidos biologicamente. O Gênesis nos transporta para os primórdios da humanidade, onde tudo era novo e cheio de potencial. No entanto, à medida que a narrativa avança, somos confrontados não apenas os primeiros eventos da história humana, mas também com os primeiros pecados.

Neste contexto primordial, encontramos a história atemporal de Caim e Abel. Caim e Abel, como sabemos, eram dois irmãos, filhos de Adão e Eva. É uma história bastante conhecida, que dispensa ser recontada. Mas os ensinamentos que elas nos trazem são muitos. Caim e Abel são um exemplo vívido das complexidades da vida e das escolhas que todos nós enfrentamos. Esta narrativa do Gênesis nos oferece lições profundas e universais que ecoam através das eras.

Caim e Abel, ao apresentarem suas ofertas a Deus, nos fazem refletir sobre o desafio inerente a uma escolha crítica em relação ao pecado, uma escolha que se revela imperativa para todos nós. Neste contexto, somos confrontados com uma oportunidade, representada pelo pecado, que nos coloca diante de uma dualidade: a necessidade de dominá-lo ou a possibilidade de sermos por ele dominados.

Em Gênesis 4:7, Deus se dirige a Caim antes que ele decidisse pelo pecado do fratricídio. Deus diz a Caim: "Se você agir bem, não será aceito? Mas, se não agir bem, o pecado espreita à porta; o desejo dele é para você, mas você deve dominá-lo."

E aqui está a essência do dilema humano: a escolha entre o bem e o mal, entre dominar o pecado ou ser dominado por ele. Cada um de nós se encontra diante desse mesmo desafio em nossa caminhada. O pecado, em várias formas, sempre está à espreita, pronto para nos tragar. No entanto, a narrativa de Caim e Abel nos lembra que, assim como Caim teve a oportunidade de escolher seu caminho, nós também podemos encontrar força para dominar o pecado e fazer escolhas que estejam alinhadas com a vontade de Deus. É um lembrete de que, mesmo nas situações mais difíceis, a busca pela retidão e pela comunhão com Deus é um caminho que podemos seguir, permitindo-nos crescer e progredir em nosso relacionamento com Ele.

 

I. A ESCOLHA ENTRE O BEM E O MAL

Escolher entre o bem e o mal, entre o pecado ou a obediência não é tarefa fácil. Caim foi orientado diretamente por Deus quanto à escolha que deveria fazer, o que nos leva a entender que havia um relacionamento entre Deus e Caim de tal modo que eles conversavam diretamente.

Muitos de nós nos relacionamos diretamente com Deus, conversamos com Ele, ouvimos a sua voz, e isso é muito positivo. No entanto, a história de Caim nos ensina que, mesmo quando temos acesso a Deus, isso não é garantia de que faremos as escolhas corretas.

O relacionamento com Deus não foi suficiente para fazer com que Caim tomasse a decisão correta em relação à possibilidade do pecado. E por que não?

a) Falta de sujeição: O ato de orar, buscar a Palavra de Deus e ter um relacionamento direto com Ele é valioso, mas se não acompanhado de uma atitude de sujeição incondicional, acaba sendo em vão. A sujeição requer que entreguemos nossa vontade à vontade de Deus, que estejamos dispostos a obedecer mesmo quando não compreendemos totalmente Seus planos. Caim falhou nesse aspecto ao não se submeter plenamente à orientação divina.

b) Falta de humildade: A humildade é fundamental ao buscar a orientação de Deus. Ela nos leva a reconhecer nossa limitação e a confiar na sabedoria divina. A falta de humildade pode levar a arrogância e a confiança excessiva em nossa própria sabedoria, o que nos torna mais propensos a tomar decisões equivocadas, como Caim fez.

c) Falta de priorização: Priorizar a vontade de Deus é um elemento crucial na escolha entre o bem e o mal. Caim não deu prioridade à Palavra do Senhor, não colocou o plano de Deus em primeiro lugar e permitiu que a inveja e o orgulho obscurecessem seu discernimento. Essa falta de priorização o levou a tomar uma decisão trágica.

d) Falta de temor: O temor a Deus, entendido como reverência e respeito profundo, é um componente essencial para fazer escolhas sábias. Caim não demonstrou o devido temor a Deus em sua decisão, o que o levou a cometer um ato terrível. O temor a Deus nos mantém no caminho da retidão, impedindo-nos de cair nas armadilhas do pecado.

Embora o relacionamento com Deus seja um privilégio, a escolha entre o bem e o mal requer mais do que simples proximidade divina. Requer um posicionamento de nossa parte, que aponte para a sujeição, humildade, priorização e temor a Deus para nos guiar nas decisões que enfrentamos em nossas vidas. Deus não decidirá por nós quanto ao pecado, e nem nos impedirá de pecar, se assim o decidirmos.

 

II. ENCONTRANDO FORÇAS PARA DOMINAR O PECADO

A pergunta é: será que Caim poderia ter decidido diferente? Será que ele tinha condições de se arrepender de suas más intenções e mudar sua conduta? Será que havia espaço para o arrependimento no coração de Caim? Essa é uma questão intrigante, que nos leva a explorar a complexa natureza da escolha entre o bem e o mal, e a capacidade de encontrar forças para dominar o pecado.

a) Autonomia Moral: O relato de Caim nos lembra que o dom do livre arbítrio é uma dádiva divina, e todos nós somos dotados da capacidade de fazer escolhas entre o bem e o mal. Embora possamos ter nascido em um estado de pecado, que está além do nosso controle, Deus nos agracia com a autonomia moral, permitindo-nos deliberar e decidir entre as opções éticas. Além disso, Ele também nos concede a capacidade de resistir às tentações quando optamos por seguir Sua Palavra, fortalecendo-nos em nossa determinação em prol de fazer a sua vontade.

Caim teve a oportunidade de fazer uma escolha diferente, de se arrepender de suas más intenções e buscar o caminho da retidão. No entanto, ele optou por seguir um caminho de pecado, uma escolha que moldou seu destino de maneira trágica. Não foi uma decisão externa, não foi um fatídico destino, mas uma opção, pura e simplesmente.

Qual tem sido a sua escolha? Qual tem sido a sua opção? Lembre-se, em nossas decisões diárias, a autonomia moral nos capacita a fazer escolhas que definem nossas vidas e nosso caráter. Busque a sabedoria divina, escolha o caminho do bem e da retidão, e permita que a força que vem de Deus o guie nas suas escolhas.

 

b) Arrependimento e Mudança: O arrependimento é um alicerce fundamental na fé e na moral. Ele serve como um lembrete poderoso de que, mesmo quando cometemos erros, somos dotados da capacidade de reconhecer nossas más ações, sentir um pesar genuíno e buscar a transformação. Caim poderia ter se arrependido de sua inveja e raiva em relação a Abel, reconhecendo sua má intenção antes que o pecado consumasse a tragédia. E mesmo após o ato consumado, ainda havia espaço para que ele se arrependesse de suas más ações.

É fato que, o pecado traz consequências muito mais graves quando é efetivado. Como Tiago 1:15 nos lembra: "Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte." Portanto, o arrependimento antes da consumação não apenas nos realinha com a vontade de Deus, mas também nos poupa das inevitáveis consequências decorrentes de atos pecaminosos consumados.

Entretanto, não podemos olvidar que a graça de Cristo se manifestou exatamente onde o pecado se consumou e, portanto, há esperança mesmo para o maior dos pecadores. A boa notícia é que a possibilidade de arrependimento permanece. Como está escrito em 1 João 1:9: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça." Independentemente das circunstâncias, a porta do arrependimento e da reconciliação com Deus está sempre aberta para aqueles que buscam retornar ao caminho da retidão.

Caim se viu incapaz de superar os obstáculos que Satanás colocou em seu caminho, impedindo-o de fazer as escolhas certas. Isso nos leva a considerar como podemos lidar com desafios semelhantes em nossas próprias vidas.

 

III. LIDANDO COM OBSTÁCULOS

Dizer não ao pecado é uma grande ferrenha e constante, e há diversos obstáculos que podem tornar esse desafio mais complexo. Portanto, precisamos conhecer esses obstáculos e traçar algumas estratégias para lidar com eles.

a) Tentação Forte: A tentação pode ser avassaladora, levando as pessoas a ceder ao pecado. Para lidar com isso, é importante reconhecer as áreas de tentação em sua vida e evitar situações ou ambientes que as intensificam. Além disso, buscar apoio espiritual e cercar-se de pessoas que compartilham os mesmos valores pode fortalecer sua resistência.

b) Falta de Autocontrole: Às vezes, a falta de autocontrole torna difícil resistir ao pecado. A prática da autodisciplina e do autocontrole pode ser desenvolvida ao longo do tempo. Estabelecer metas claras, criar um plano para evitar situações de tentação e praticar a resistência a impulsos imediatos pode ajudar a fortalecer o autocontrole.

c) Hábitos Arraigados: Quando o pecado se torna um hábito, pode ser particularmente desafiador abandoná-lo. Para superar esse obstáculo, é importante reconhecer a natureza do hábito e se esforçar para substituir comportamentos destrutivos por comportamentos saudáveis. Aconselhamento, apoio de grupos de apoio e uma abordagem gradual de mudança de hábito são eficazes.

d) Pressão Social: Às vezes, a pressão social pode influenciar as decisões de uma pessoa em relação ao pecado. É fundamental manter-se firme em seus valores, mesmo diante da pressão de amigos, colegas ou sociedade em geral. Desenvolver a capacidade de dizer "não" de maneira assertiva e saber comunicar seus limites de forma respeitosa é importante.

e) Falta de Consciência Moral: Algumas pessoas podem não estar plenamente conscientes das consequências morais de suas ações. Nesse caso, a educação moral, a reflexão sobre os valores pessoais e a busca de orientação espiritual podem ajudar a construir uma consciência moral sólida.

f) Isolamento: O deixar de congregar pode tornar mais difícil resistir ao pecado, já que a falta de responsabilidade e apoio pode levar a decisões impulsivas. Congregar, frequentar os cultos, participar da Escola Bíblica Dominical, dos PGMs, contar com irmãos e mentores de confiança, e estar aberto ao apoio espiritual são maneiras de se fortalecer contra o pecado.

g) Autojustificação: Às vezes, as pessoas recorrem à autojustificação para justificar o pecado. É importante cultivar a autenticidade e a autocrítica, reconhecendo quando erramos e evitando desculpas. A responsabilidade pessoal e o arrependimento são passos fundamentais na superação desse obstáculo.

Em última análise, a luta contra o pecado envolve o crescimento espiritual, a autoconsciência e a perseverança. Não é uma jornada fácil, mas com esforço, orientação espiritual e apoio, é possível superar esses obstáculos e tomar decisões que estejam alinhadas com a vontade de Deus e com os próprios valores morais.

 

CONCLUSÃO:

Nesta noite, quero convidar você a refletir sobre as escolhas que você tem feito até agora, e sobre quais as que você tomará a partir deste momento.  A força para prevalecer está ao nosso alcance, à medida que nos aprofundamos nas Escrituras, nutrimos nossa fé e fortalecemos nossa comunhão com Deus. Não importa quais obstáculos e desafios se apresentem em nosso caminho, lembrem-se de que Deus está conosco, e Ele nos capacitará a superá-los.

Faça a escolha certa. Entregue sua vida a Jesus. Entregue o teu caminho ao Senhor. Confie! Acredite!

O poder da escolha está em nossas mãos. Que possamos usá-lo para a glória de Deus e para a construção de vidas pautadas na sua boa, agradável e perfeita vontade.

E que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe sempre!


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