VIVENDO EM COMUNHÃO - UNIDADE COM OS IRMÃOS
VIVENDO EM
COMUNHÃO – UNIDADE COM OS IRMÃOS
Texto bíblico: Salmos 133
1 Como
é bom e agradável quando os irmãos convivem em união! 2 É como óleo
precioso derramado sobre a cabeça, que desce pela barba, a barba de Arão, até a
gola das suas vestes. 3 É como o orvalho do Hermom quando desce
sobre os montes de Sião. Ali o Senhor concede a bênção da vida para sempre.
INTRODUÇÃO
Continuando nossa série de
sermões sobre o princípio da comunhão, hoje vamos explorar um aspecto
importante dessa comunhão: seu poder terapêutico ou salutar.
A palavra “comunhão” no Novo
Testamento traduz o substantivo grego “koinonia”, que possui uma gama de
significados variados conforme o contexto. Na semana passada, falamos sobre o
primeiro significado dessa palavra, que é o relacionamento, a aliança ou
a união com Deus.
1 Coríntios 1:9: "Fiel
é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso
Senhor." Aqui, “koinonia” refere-se à íntima relação entre os
crentes e Cristo, implicando participação na vida divina e compartilhamento da
vida e missão de Jesus.
2 Coríntios 13:13: "A
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vós." Nesta passagem, “koinonia” aponta para a
participação na obra e nos dons do Espírito Santo, sublinhando uma união
espiritual e uma partilha dos benefícios divinos.
1 João 1:3: "O que
vimos e ouvimos isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco;
e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo."
Este versículo reforça que a comunhão com Deus e Cristo é a base da comunhão
entre os crentes.
Um outro uso de “koinonia” no
Novo Testamento expressa a ideia de união e reconhecimento, como
em Gálatas 2:9. Aqui, a comunhão refere-se à aceitação e apoio mútuo entre os
líderes da igreja primitiva, destacando a cooperação e solidariedade no
ministério.
Há ainda um terceiro sentido de
“koinonia” que refere-se à Comunhão como Compartilhar entre os Irmãos.
Em Atos 2:42 lemos:
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações." Aqui, “koinonia” se refere à vida
comunitária dos primeiros cristãos, incluindo a partilha de recursos materiais,
refeições, orações e ensino. Esta comunhão é caracterizada por uma profunda
solidariedade e mutualidade, onde as necessidades dos membros são atendidas
coletivamente e a vida de fé é vivida em conjunto.
Nesse aspecto, a Palavra de Deus
nos ensina que viver em comunhão uns com os outros e compartilhar o que temos e
somos pode nos fortalecer e até curar. A comunhão entre os irmãos, portanto,
possui um aspecto terapêutico, sobre o qual gostaria de conversar com vocês por
alguns minutos nesta noite.
I. EM PRIMEIRO LUGAR, A
COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS É AGRADÁVEL (vv 1)
Davi inicia o pequeno Salmo 133
observando o quanto é bom e agradável quando os irmãos convivem em união. Esse
sentimento de satisfação, bem-estar, contentamento e alegria interior são muito
mais do que meros sentimentos passageiros. Eles produzem, em quem os sente, uma
tranquilidade de espírito e uma paz na alma, capazes de fortalecer as emoções e
até mesmo blindar nossa psiquê contra transtornos e doenças emocionais.
a) A comunhão entre os irmãos
é contagiante. Quando vivemos em união, essa atmosfera de paz e alegria se
espalha, influenciando positivamente todos ao nosso redor. Isso não só
fortalece o corpo de Cristo emocionalmente, mas também permite que a vida plena
e abundante que Jesus planejou para nós seja mais visível e palpável.
b) A comunhão entre os irmãos
promove cura e fortalecimento. Quando nos reunimos, compartilhamos nossas
cargas e oramos uns pelos outros, criamos um ambiente de apoio mútuo e cuidado.
Pequenos gestos de bondade, palavras de encorajamento e atos de serviço não
apenas melhoram nosso bem-estar emocional, mas também nos aproximam mais de
Deus e uns dos outros.
Portanto, precisamos atentar para
a importância de cultivar a comunhão com os irmãos.
a) Participação em Pequenos
Grupos: A participação em pequenos grupos, onde as pessoas podem
compartilhar suas lutas e vitórias, e orar umas pelas outras, é uma prática que,
infelizmente, tem tido sua importância negligenciada por muitos. O encontro
regular em grupos para estudar a Bíblia, compartilhar experiências de vida e
oferecer apoio emocional e espiritual fortalece a comunhão e proporciona um
ambiente seguro para crescimento pessoal e espiritual. Além disso, é uma grande
ferramenta para o desenvolvimento dos dons espirituais e do cultivo do fruto do
Espírito.
b) Congregar Regularmente:
Outro aspecto que tem sido negligenciado por muitos é o congregar regularmente.
Congregar não significa simplesmente “ir à igreja”, mas estabelecer raízes em
uma comunidade local. Há pessoas que vão de igreja em igreja, achando que estão
congregando, quando na verdade estão apenas sendo meros espectadores de algo do
qual não participam de fato. Outros vão aos encontros de sua igreja com pouca
frequência e, com isso, deixam de experimentar a plenitude da comunhão.
Hebreus 10:25 diz:
"Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas
encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o
Dia."
O congregar não apenas nos
edifica, mas também permite que sejamos uma bênção para outros. E quanto mais
próximos ficamos da volta de Jesus, mais temos a necessidade de estabelecer
comunhão uns com os outros.
Ao viver em comunhão,
experimentamos a alegria e a paz que vêm de Deus e somos fortalecidos para
enfrentar os desafios da vida. Que possamos sempre buscar essa união, sabendo
que ela é agradável aos olhos do Senhor e uma fonte de bênção para todos nós.
II. EM SEGUNDO LUGAR, A
COMUNHÃO COM OS OUTROS É REMÉDIO PARA OS RELACIONAMENTOS (vv 2)
Nos tempos bíblicos, o óleo era
um recurso valioso com múltiplas aplicações. Como cosmético, era usado para
cuidar da pele e dos cabelos, mantendo-os saudáveis e brilhantes. Como remédio,
tinha propriedades curativas e era aplicado em feridas para promover a
cicatrização. Além disso, o óleo era um símbolo poderoso da unção do Espírito
Santo, uma prática que designava indivíduos para cargos de liderança ou serviço
especial dentro da comunidade.
A união entre os irmãos,
portanto, é vista como uma forma de cura emocional, pois permite que as pessoas
compartilhem suas experiências e se ajudem mutuamente a superar desafios.
Quando vivemos em comunhão, criamos um ambiente onde a cura e a restauração
podem florescer. Essa união não é apenas benéfica para o bem-estar emocional;
ela também tem um impacto profundo na saúde espiritual.
A presença do Espírito de Deus
entre nós é uma fonte de força e coragem para enfrentar as adversidades da
vida. Quando as pessoas se apoiam mutuamente em sua fé, encontram a resiliência
necessária para superar obstáculos e continuar em seu caminho espiritual. A
jornada espiritual pode ser repleta de desafios, mas com o apoio dos irmãos e a
bênção do Espírito Santo, podemos navegar por esses desafios com mais
facilidade.
A terapia para a alma envolve o
cuidado com o bem-estar espiritual dos outros, oferecendo conforto, orientação
e encorajamento. É uma forma de expressar amor incondicional e compartilhar a
luz da fé com aqueles ao redor.
Contudo, cultivar a comunhão como
um remédio para a alma requer de nós algumas atitudes e posicionamentos.
a) Além do congregar (grande
grupo) e do partilhar (pequeno grupo), é preciso estabelecer relacionamentos
discipuladores, onde membros mais experientes na fé podem acompanhar e
orientar os mais novos. Esse relacionamento de discipulado pode ser uma fonte
significativa de encorajamento e crescimento espiritual.
b) Atividades de Cura e
Restauração: Organizar retiros, seminários e workshops focados na cura
emocional e espiritual. Atividades como estudos bíblicos sobre perdão, momentos
de oração e grupos de apoio para pessoas passando por dificuldades específicas
podem ser muito benéficas.
c) Buscar apoio pastoral. O Pastor
nem sempre consegue identificar as dificuldades de todas as pessoas. Por isso é
fundamental que os membros da igreja busquem o cuidado pastoral para tratarem
de suas dores e dificuldades.
d) Desenvolvimento de uma Cultura
de Empatia e do serviço cristão: Promover uma cultura onde a empatia e a
compaixão sejam valores centrais. Praticar a escuta ativa, buscar oferecer palavras
de encorajamento, procurar estar presentes nos momentos de necessidade, se
envolver no cuidado com as pessoas, ação social, etc. são formas práticas de
expressar a comunhão e demonstrar o amor de Cristo.
As práticas descritas não só são
curativas, como também são apoiadas por evidências científicas que as
reconhecem como antídotos eficazes contra depressão e estresse.
Vivendo em comunhão,
experimentamos a cura divina e ganhamos força para enfrentar os desafios da
vida. Que possamos sempre buscar essa união, conscientes de seu poder como
remédio para nossos relacionamentos e como fonte de bênçãos incontáveis.
III. EM TERCEIRO LUGAR, A
COMUNHÃO VAI ALÉM, ALCANÇANDO OS DE FORA E PROMOVENDO SALVAÇÃO (vv 3).
O Monte Hermom, que se eleva
majestosamente acima dos outros picos em Israel, está localizado a 340
quilômetros dos montes de Sião. Apesar dessa grande distância, ele envia uma
brisa refrescante que alcança os montes de Sião. Analogamente, a comunhão
funciona como um vento espiritual que transcende fronteiras físicas, impactando
vidas tanto próximas quanto distantes.
A influência da comunhão é vasta
e se propaga como uma brisa que ignora barreiras. Ela não se limita aos muros
da igreja ou da comunidade local; ao invés disso, estende-se e acolhe aqueles
afastados do evangelho, inclusive pessoas que, embora fisicamente próximas,
encontram-se em distantes desertos emocionais e espirituais.
Essa expansão da comunhão reflete
sua natureza divina e sua capacidade de disseminar luz e esperança onde reina a
escuridão. Ela pavimenta caminhos para a salvação, iluminando a jornada
daqueles que estão perdidos ou sem esperança. A presença de Deus manifestada
através da comunhão é uma fonte de vida e redenção, capaz de transformar
completamente as existências, evidenciando o amor incondicional e a
misericórdia infinita de Deus.
Cultivar a comunhão como uma
forma de alcançar vidas é viável e possível.
Atos 2.46 e 47 diz que o povo de
Deus cultivava a comunhão e isso fazia com que ganhassem a simpatia do povo. E
essa relação resultava em pessoas salvas, que o Senhor Jesus ia salvando e
acrescentando à igreja.
Participar dos programas de evangelização
da igreja, especialmente em momentos em que a mensagem do evangelho possa ser
compartilhada de maneira informal e acolhedora, se envolver com Missões,
discipulado e evangelismo, e participar de projetos sociais da igreja que atendam
às necessidades físicas e espirituais da comunidade são formas eficazes e gratificantes
de aumentar o alcance da mensagem do evangelho e demonstrar a relevância
prática da fé cristã.
Estas ações práticas visam
ampliar a influência da comunhão, transformando-a em uma força poderosa para o
bem na vida de muitos, dentro e fora da comunidade da fé.
CONCLUSÃO
Em meio à jornada espiritual que
cada um de nós percorre, é inegável o valor da comunhão entre irmãos. Assim
como nos ensinou o Salmo 133, essa união é como o óleo precioso, que desce
sobre nós, restaurando, curando e fortalecendo. Que imagem poderosa essa, que
nos remete à ternura do cuidado divino e à importância vital de estarmos unidos
uns aos outros.
Ao refletir sobre as profundas
verdades expostas nas Escrituras e nas experiências de comunhão, não podemos
nos esquecer do convite pessoal que Deus nos faz. Para você que ainda não
entregou sua vida a Jesus, considere este momento como uma oportunidade divina.
Como o orvalho do Hermom que refresca os montes de Sião, assim é a presença
renovadora de Cristo que pode invadir seu coração agora. Não há barreira, dor
ou passado que possa impedir o amor redentor de Jesus de alcançar e transformar
sua vida. Entregar-se a Ele é abrir a porta para uma nova jornada de cura,
esperança e propósito eterno.
Para você, amado irmão e irmã em
Cristo, que já conhece o Senhor, este é um apelo para mergulhar mais
profundamente na beleza e na benção da comunhão fraterna. Como membros de um só
corpo, nossa saúde espiritual e emocional está intrinsecamente ligada à
qualidade de nossas relações uns com os outros. Cultive a união, seja através
da participação ativa na vida da igreja, do envolvimento em pequenos grupos ou
através do discipulado. Cada gesto de amor e cada palavra de encorajamento são
como o precioso óleo sobre a cabeça de Arão, que desce e abençoa toda a igreja.
Que possamos ser uma igreja que
reflete o amor de Cristo, onde cada membro se sente valorizado, amado e
apoiado. Que nossa igreja seja um farol de esperança e um centro de cura, não
apenas para nós mesmos, mas também para aqueles que Deus colocar em nosso caminho.
E que, ao nos aproximarmos do retorno de Cristo, possamos fortalecer ainda mais
nossa união, encorajando-nos mutuamente e crescendo juntos na graça e no
conhecimento do nosso Senhor.
Portanto, queridos, que sejamos
diligentes em preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz, como nos
ensina Efésios 4:3. Que a comunhão dos santos seja a manifestação do reino de
Deus aqui na Terra, e que através dela muitos possam vir a conhecer a Cristo e
serem salvos.
E que Cristo, em sua infinita
graça, nos abençoe sempre!
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