RENUNCIANDO À NOSSA PRÓPRIA VONTADE

 


RENUNCIANDO À NOSSA PRÓPRIA VONTADE

 

 Texto bíblico: Provérbios 16.9

“Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos”

 

 

Introdução:

 

Vivemos em um mundo que constantemente nos desafia a seguir nossos próprios interesses e desejos, a ceder às tentações do momento e a buscar autossatisfação imediata. Desde muito cedo, somos incentivados a expressar nossas vontades e a buscar a realização pessoal, muitas vezes ignorando a vontade de Deus em nossas vidas. Estamos acostumados a tomar decisões baseadas em nossos próprios critérios e a buscar aquilo que nos traz conforto e prazer, evitando o que nos causa desconforto ou dor.

No entanto, como seguidores de Cristo, somos convocados a trilhar um caminho distinto, um caminho de submissão e confiança na soberania divina.

O princípio da renúncia é, sem dúvida, um dos mais desafiadores de se aplicar em nossa jornada rumo à plenitude de vida que Deus planejou para nós. Dizer não a nós mesmos nem sempre é uma tarefa fácil. Quando falamos em renunciar ao pecado, mesmo diante de toda a complexidade dessa decisão, há em nós uma consciência aguçada de que o pecado pode oferecer um prazer momentâneo, mas suas consequências são invariavelmente danosas e, em alguns casos, até irreversíveis. Assim, ao renunciarmos ao pecado, mesmo que inicialmente seja uma escolha difícil, com o passar do tempo, podemos encontrar contentamento na decisão tomada, pois percebemos que essa renúncia pode ter nos livrado de muitos males.

No entanto, o desafio se torna ainda mais intrincado quando se trata de renunciar à nossa própria vontade. Isso porque nem sempre nossos desejos são intrinsecamente pecaminosos. Nem sempre aquilo que desejamos é considerado como pecado. Renunciar a algo que, à primeira vista, não é moralmente errado pode gerar um desconforto maior, tanto no momento da renúncia quanto posteriormente, quando, por vezes, nos encontramos lamentando não ter "aproveitado a oportunidade".

Como, então, podemos verdadeiramente renunciar à nossa própria vontade? Quais são os passos práticos para aplicar esse princípio em nossa vida diária, enquanto confiamos na soberania de Deus sobre nossas vidas?

 

I – Pecado e Embaraço – Hebreus 12.1

Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,

 

Para compreendermos o princípio da renúncia à nossa própria vontade, precisamos primeiramente entender a diferença entre pecado e embaraço. O pecado, como sabemos, é a transgressão da vontade de Deus, uma ação contrária aos Seus mandamentos e princípios. Por outro lado, o embaraço refere-se a obstáculos ou distrações que, embora não sejam intrinsecamente pecaminosos, podem nos impedir de seguir plenamente a vontade de Deus em nossas vidas.

É essencial discernir entre esses dois conceitos, pois enquanto o pecado exige arrependimento e abandono imediato, os embaraços podem ser mais sutis e exigir uma renúncia consciente e deliberada.

Vivemos em um mundo repleto de distrações e tentações que podem se tornar embaraços em nosso caminho espiritual. Portanto, ao explorarmos a renúncia à nossa própria vontade, devemos estar atentos não apenas ao pecado, mas também aos embaraços que podem nos impedir de viver uma vida plenamente dedicada a Deus.

E o que exatamente são esses embaraços? A Nova Versão Internacional (NVI) e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) traduzem o trecho "deixemos todo o embaraço" como "livremo-nos de tudo o que nos atrapalha" ou "deixemos de lado tudo o que nos atrapalha". Por sua vez, a Nova Versão Transformadora (NVT) apresenta: "livremo-nos de todo peso que nos torna vagarosos". Em outras palavras, embaraço é tudo aquilo que, mesmo não sendo pecado, nos impede, de alguma forma, de avançar em nossa jornada cristã.

Na prática, um embaraço pode ser:

a)       Ambição Profissional Desmedida: Uma busca desenfreada por sucesso profissional pode consumir nosso tempo e energia, levando-nos a negligenciar nosso relacionamento com Deus e nosso serviço ao próximo.

b)      Relacionamentos Distrativos: Relacionamentos pessoais que nos levam para longe dos valores e princípios cristãos podem se tornar embaraços em nossa jornada espiritual, nos impedindo de viver em comunhão íntima com Deus.

c)       Preocupações Excessivas com Bens Materiais: A busca incessante por conforto material e luxo pode nos distrair do propósito maior de nossa vida, fazendo com que coloquemos nossa confiança e felicidade na riqueza material em vez de em Deus.

d)      Vaidade e Preocupação com a Aparência: Uma preocupação excessiva com a aparência física e o desejo de ser admirado pelos outros pode nos distrair do desenvolvimento de um caráter cristão sólido e da busca pela santidade.

e)      Entretenimento Excessivo: O consumo excessivo de entretenimento, seja por meio da televisão, internet ou redes sociais, pode nos roubar tempo precioso que poderíamos dedicar à comunhão com Deus e ao serviço aos outros.

f)        Perfeccionismo Desmedido: A busca incessante pela perfeição em todas as áreas de nossas vidas pode nos levar à ansiedade e à autocobrança excessiva, impedindo-nos de desfrutar da graça e da paz que vêm de uma vida centrada em Deus.

g)       Orgulho e Autoconfiança: O excesso de confiança em nossas próprias habilidades e conquistas pode nos impedir de reconhecer nossa dependência de Deus e nos levar à arrogância espiritual.


 


Em resumo, embaraço consiste em tudo aquilo que, embora não seja uma transgressão direta dos mandamentos de Deus, nos atrapalha ou nos impede de avançar em nossa jornada espiritual. Estes são obstáculos que podem nos fazer perder o foco em Deus, desviar-nos de nossa missão cristã e nos impedir de alcançar a plenitude que Ele planejou para nós. Portanto, reconhecer e renunciar aos embaraços é essencial para seguirmos adiante com fé e perseverança na carreira que nos está proposta, como mencionado em Hebreus 12:1.

 

E como renunciar aos embaraços? Como dizer não à nossa própria vontade e sim à vontade de Deus para nossas vidas?

 

II – O Caminho da Renúncia

Trilhar o caminho da submissão e confiança em Deus é uma jornada de constante aprendizado e crescimento espiritual. Para alcançá-lo, é fundamental mergulharmos em um relacionamento íntimo com o Senhor, cultivando uma vida de oração fervorosa e dedicada ao estudo da Palavra de Deus. Através da oração, nos conectamos com o coração de Deus, compartilhando nossos anseios, preocupações e aspirações, enquanto buscamos Sua orientação e direção. A Palavra de Deus é a nossa bússola, iluminando o caminho que devemos seguir e nos revelando a natureza e os propósitos do nosso Pai celestial.

Quanto mais nos aproximamos de Deus e conhecemos Sua natureza amorosa e soberana, mais confiantes nos tornamos em Seu cuidado e providência sobre nossas vidas. Reconhecemos que Ele é o autor de nossas vidas e que Seus planos para nós são sempre bons e perfeitos. Essa confiança se fortalece à medida que experimentamos Sua fidelidade em nossa jornada espiritual, testemunhando Suas intervenções e provisões em momentos de dificuldade e desafio.

No entanto, trilhar o caminho da submissão e confiança também requer uma disposição constante de abrir mão do controle e entregar nossos planos e desejos a Deus. Isso não implica em passividade ou resignação diante da vida, mas sim em uma postura de humildade e confiança, reconhecendo que os planos de Deus para nós são superiores aos nossos próprios planos. Devemos estar dispostos a abandonar nossas próprias ambições e perspectivas limitadas, abrindo espaço para que Deus opere em nossas vidas de maneiras que nunca poderíamos imaginar.

Essa entrega diária não é fácil, pois muitas vezes nossos planos estão enraizados em nossas próprias ambições e desejos egoístas. No entanto, ao confiarmos nossas vidas totalmente a Deus, nos abrimos para experimentar o Seu poder transformador e a Sua graça abundante. Podemos descansar na certeza de que Ele está no controle de todas as coisas e que Seu plano para nós é sempre o melhor, mesmo que não compreendamos completamente seus desígnios no momento.

Para praticar a renúncia à nossa própria vontade, é preciso seguir alguns passos básicos, porém fundamentais:

a)       Estabelecer um tempo diário dedicado à oração e ao estudo da Palavra. Reserve um momento tranquilo todas as manhãs ou antes de dormir para se conectar com Deus em oração, compartilhando seus anseios, agradecimentos e buscando Sua orientação para o dia que se inicia ou que termina. Use esse tempo para meditar nas Escrituras, permitindo que a Palavra de Deus penetre em seu coração e fortaleça sua fé.

b)      Praticar a rendição diária de seus planos e desejos a Deus. Ao fazer seus planos para o futuro, esteja aberto à vontade de Deus e disposto a ajustar seus planos de acordo com Sua direção. Lembre-se de que, embora seja importante definir metas e sonhar com o futuro, é essencial confiar que Deus tem o melhor plano para você. Esteja preparado para abrir mão de seus próprios planos quando sentir que Deus está chamando você para seguir uma direção diferente.

c)       Cultivar uma atitude de gratidão e contentamento em todas as circunstâncias. Reconheça que Deus está no controle de todas as coisas e que tudo o que acontece em sua vida está dentro de Seu plano soberano. Agradeça a Ele por Suas bênçãos e confie que Ele está trabalhando todas as coisas para o seu bem, mesmo nos momentos de dificuldade e desafio.

d)      Praticar a obediência em todas as áreas de sua vida. Esteja disposto a seguir Seus mandamentos e a viver de acordo com os princípios da Sua Palavra, mesmo quando isso for difícil ou contrário aos seus próprios desejos. Confie que obedecer a Deus sempre trará mais paz, alegria e plenitude do que seguir seus próprios caminhos.

e)      Finalmente, buscar a comunhão com outros cristãos, a fim de encontrar apoio e encorajamento em nossa jornada de fé. Compartilhe suas lutas e vitórias com outros crentes e ore uns pelos outros, fortalecendo-se mutuamente na fé e no amor de Cristo.

Ao praticar esses princípios em sua vida diária, você experimentará uma profunda transformação em sua relação com Deus e descobrirá uma paz e plenitude que só podem ser encontradas ao trilhar o caminho da submissão e confiança em nosso Deus soberano.

 

CONCLUSÃO

A decisão de renunciar à nossa própria vontade e nos submeter à vontade soberana de Deus é uma das escolhas mais significativas e transformadoras que podemos fazer em nossas vidas. Embora possa parecer desafiador e até mesmo assustador abandonar o controle e confiar plenamente em Deus, precisamos crer que o Senhor é fiel e digno de nossa confiança.

Ao escolhermos seguir os passos de Cristo e tomar diariamente nossa cruz, somos convidados a uma jornada de renúncia e entrega total a Deus. Esta não é uma jornada de autopunição ou negação de nossos desejos mais profundos, mas sim uma jornada de liberdade genuína e plenitude espiritual encontrada somente em Cristo.

Quando nos rendemos à vontade de Deus, abrimos espaço para que Ele opere em nossas vidas de maneiras que jamais poderíamos imaginar. Ele nos conduzirá por caminhos de paz, alegria e realização, guiando-nos em direção ao propósito e à vida abundante que Ele planejou para nós desde o princípio dos tempos.

Portanto, não temam a renúncia, mas sim a abracem-na com coragem e fé. Deixem que a chama do Espírito Santo queima dentro de vocês, capacitando-os a viver uma vida de verdadeira submissão e confiança em Deus.

Que cada um de nós possa se comprometer hoje a renunciar à nossa própria vontade e seguir os caminhos do Senhor com ousadia e determinação. Que Ele nos guie, nos fortaleça e nos capacite a vivermos como verdadeiros discípulos de Cristo, impactando o mundo ao nosso redor com o amor e a graça de Deus.

Então, neste momento, enquanto nossos corações estão inclinados para Ele, oremos juntos, pedindo a Deus a graça e a força para renunciarmos à nossa própria vontade e nos entregarmos completamente a Ele.

E que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe sempre!


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