NEM TUDO É O QUE PARECE

 


NEM TUDO É O QUE PARECE

Texto Bíblico: Atos 16:6-15

6Paulo e seus companheiros viajaram pela região da Frígia e da Galácia, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na província da Ásia. 7Quando chegaram à fronteira da Mísia, tentaram entrar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu. 8Então, contornaram a Mísia e desceram a Trôade. 9Durante a noite Paulo teve uma visão, na qual um homem da Macedônia estava em pé e lhe suplicava: "Passe à Macedônia e ajude-nos". 10Depois que Paulo teve essa visão, preparamo-nos imediatamente para partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos tinha chamado para lhes pregar o evangelho. 11Partindo de Trôade, navegamos diretamente para Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis. 12Dali partimos para Filipos, na Macedônia, que é colônia romana e a principal cidade daquele distrito. Ali ficamos vários dias. 13No sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que se haviam reunido ali. 14Uma das que ouviam era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo. 15Tendo sido batizada, bem como os de sua casa, ela nos convidou, dizendo: "Se os senhores me consideram uma crente no Senhor, venham ficar em minha casa". E nos convenceu.

 

Introdução

A visão é um dos sentidos mais importantes para a espécie humana. Temos uma tendência natural ao visual. Segundo uma pesquisa publicada na revista científica Plos One em março de 2014, o ser humano lembra muito mais daquilo que vê do que daquilo que ouve. Somos guiados pelos olhos.

Aprendemos pelo visual, com imagens. Pensamos pelo visual, mesmo quando estamos a pensar em conceitos. O que vemos influencia muito em nossas decisões.

O filósofo chinês Confúcio já dizia quem “uma imagem vale mais que mil palavras”. Estudos dão conta de que 90% das informações transmitidas ao cérebro são visuais, e as imagens são processadas 60 mil vezes mais rápido no cérebro que os textos. (Fontes: 3M e Zabisco)

Jesus fala sobre isso. Lá em Mateus 6.22,23 ele diz: “Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!”.

Assim, confiamos muito mais no que vemos do que naquilo que ouvimos, ou tocamos, ou cheiramos. E isso pode ser muito bom, quando nossa visão é muito bem apurada, e quando temos bem desenvolvida a capacidade de interpretar corretamente o que estamos vendo. Entretanto, pode se tornar um problema, se não soubermos associar adequadamente nosso entendimento com aquilo que estamos vendo.

Em outras palavras, nem sempre temos uma visão correta da realidade. Muitas pessoas têm uma visão do que é ser crente, do que é ser igreja, do que é andar com Jesus, que às vezes é totalmente diferente da realidade.

Muitos têm uma visão de Deus que não tem absolutamente nada a ver com o Criador.

E quando nossa visão não se encaixa com a realidade, o resultado normalmente é frustração espiritual, esfriamento, ceticismo e incredulidade.

O fato é que, mesmo sabendo que nossa visão é o sentido que mais nos influencia, e o que mais confiamos, precisamos compreender que nossa vida não pode, jamais, ser guiada pela visão, e sim pela fé em Jesus.

O que vemos pode parecer muito real, muito correto. Mas o que não estamos vendo, mas estamos enxergando com os olhos da fé, é muito maior e mais especial.

Paulo diz em 2Co 5.7: “porque vivemos por fé, e não pelo que vemos”.

 

No texto que lemos, Paulo está em sua segunda viagem missionária. Com ele estão Silas e, provavelmente, Timóteo. Sua intenção era pregar às em algumas cidades da costa ocidental da Ásia, chamada de Ásia Proconsular, mas o texto diz que o Espírito Santo os impediu.

Eles tentaram ainda outras cidades da Ásia Romana, mas novamente foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar ali.

Então descem para a cidade de Trôade, uma cidade na costa nordeste do mar Egeu, a fronteira da Ásia Menor, a oeste; a região de que foi o cenário da grande guerra de Tróia.

E foi nessa cidade que Paulo tem uma visão. Ele vê um homem, macedônio, de pé, diante de Paulo, que clamava: “passa a Macedônia e ajuda-nos”.

Não foi uma imaginação, não foi um sonho, não foi uma ideia. Paulo teve uma visão. Ele viu aquele homem, e confiando em sua visão, partiu imediatamente para a Macedônia.

Eles passam por algumas cidades, e chegam em Filipos, uma importante cidade da Macedônia. Depois de alguns dias, no sábado, foram procurar uma sinagoga, e aqui começa o problema de se confiar na visão.

 

I.               A realidade é diferente da visão

Paulo havia visto um homem macedônio, de pé, clamando por ajuda. É claro que Paulo deve ter visualizado ou imaginado o que iria acontecer ali.

Muito provavelmente ele encontraria um homem que iria recebê-lo, dar orientações, oferecer ajuda, mostrar os lugares, etc., e assim Paulo e seus companheiros poderiam pregar o evangelho àquela região.

A interpretação humana da visão é perigosa.

Quantas vezes recebemos uma visão de Deus e imaginamos que algo maravilhoso aos nossos olhos vai acontecer, mas quando chega o momento, era tudo diferente daquilo que idealizamos!

Apesar de Paulo estar esperando ser recebido por um homem, para que muitos homens ali em Filipos se rendessem aos pés de Jesus, por meio da pregação do evangelho, não é bem o que acontece.

O versículo 12 diz: 12Dali partimos para Filipos, na Macedônia, que é colônia romana e a principal cidade daquele distrito. Ali ficamos vários dias.

Vários dias haviam se passado, e a visão não havia se concretizado.

Algo deveria estar errado. Será que estavam no lugar certo? Será que a visão de Paulo não foi, na verdade, fruto da sua imaginação?

O versículo 13 diz: 13No sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que se haviam reunido ali.

Eles esperavam encontrar um lugar de oração, uma sinagoga, uma igreja.

Muito provavelmente eles já estavam inquietos em relação à visão. E foram para a igreja, mas não encontraram.

Não havia sinagoga em Filipos. Isso significava que naquela cidade, não havia, nem 10 judeus homens, porque esse era o número necessário para se formar uma sinagoga.

Precisamos entender que a visão de Deus pode ser diferente daquilo que idealizamos, e se não estivermos atentos à voz do Espírito, podemos perder o que Deus está nos oferecendo, porque estamos focados em outras coisas, frutos da nossa visão.

 

II.        Precisamos ver além, não só o que queremos

Muitas pessoas sofreram, esfriaram e até apostataram da fé porque tinham uma visão de Deus ou daquilo que Ele está fazendo que é totalmente diferente da realidade, porque estão enxergando apenas o que querem enxergar.

As seitas ditas cristãs, que promovem a teologia da prosperidade, infelizmente, têm plantado na mente de muitas pessoas essa ideia. As pessoas vão ali porque querem enxergar um Deus útil e prático, e não o Deus Soberano.

Estão buscando ver o que querem ver, ouvir o que querem ouvir, e não percebem que Deus é o centro da visão, e não o resultado dela.

Paulo queria pregar na Ásia, mas foi enviado à Macedônia. Até aí, tudo bem, porque os planos de Deus são maiores do que os nossos, e Paulo entendeu perfeitamente que não era o tempo de ir à Ásia.

Mas ele provavelmente queria encontrar ali a confirmação da visão. Um homem, uma sinagoga, e nada disso.

Vários dias haviam se passado, e o que eles queriam ver não aconteceu.

Você pode estar esperando por algo há muitos anos, e achar que não recebeu, ou até mesmo que não vai acontecer, muitas vezes porque está esperando ver algo que idealizou, e não aquilo que Deus preparou.

Paulo estava esperando encontrar, no mínimo, uma sinagoga, cheia de pessoas sedentas pelo evangelho, mas não havia homens. Não havia sinagoga.

Apenas algumas mulheres reunidas na beira de um rio, no sábado.

Se queremos ver o cumprimento da promessa de Deus precisamos parar de idealizar e deixar Deus conduzir tudo, inclusive os nossos pensamentos.


III – Precisamos aceitar a realidade

Paulo esperava homens judeus, e o que ele encontrou foi uma mulher gentia.

Lídia era da cidade de Tiatira, uma cidade da Ásia, justamente a Ásia que Paulo queria ir pregar, e foi impedido pelo Espírito Santo, e conduzido para a Macedônia.

A realidade que Paulo encontra ali era totalmente diferente da visão que ele havia tido, e até confusa, porque a Ásia que já havia ficado para trás volta à cena.

Eu fico imaginando os companheiros de viagem de Paulo, conversando entre si, talvez até questionando se a visão não estava incorreta, ou até mesmo a integridade espiritual de Paulo.

Paulo, por sua vez, poderia ter questionado Deus, perguntando: “Senhor, o que é que o Senhor quer de mim? Primeiro eu queria ir para a Ásia, e o Senhor não deixou. Depois me dá uma visão de um homem da Macedônia pedindo ajuda. Eu venho para Filipos, na Macedônia, e ninguém aqui está pedindo ajuda. Não tem igreja, não tem sinagoga, nada. E por fim, encontro na beira de um rio, algumas mulheres, entre elas uma Asiática de Tiatira.

Mas Paulo não questiona. Ele tem maturidade espiritual suficiente para compreender que os olhos do homem podem falhar, mas a visão de Deus nunca falha!

Paulo compreende que a realidade nem sempre se parece com o que imaginamos, e que, pela fé, precisamos aceitar a realidade.

Fé não é cegueira. Fé é racional. Fé é certeza, firme fundamento. Não é mera expectativa, mas é convicção.

Paulo olha para aquele grupo de mulheres e diz: Aqui está o cumprimento da visão que Deus me deu. Totalmente diferente do que ele havia imaginado, mas é Deus quem conduz a história.

Meu irmão, as promessas de Deus podem estar se cumprindo na sua vida, muitas vezes, de maneira totalmente diferente daquilo que você imaginou. Aceite a realidade de Deus. Não questione, não murmure, não reclame, receba a promessa. Ouça a voz do Espírito e acredite na visão, mesmo que ela não se pareça com a realidade.

O melhor de Deus estava para se cumprir na cidade de Filipos por meio de Paulo, e ele teve sensibilidade para entender que a realidade podia ser diferente do imaginado, mas que o agir de Deus seria poderoso.

A igreja dos filipenses foi, talvez, a igreja mais forte do Novo Testamento. Uma igreja que foi plantada a partir da pregação do evangelho a uma mulher gentia. O cumprimento da visão se deu bem diferente do que Paulo havia imaginado, mas muito melhor.

Tem muita gente perdendo o melhor de Deus porque a realidade é diferente daquilo que ele havia imaginado.

 

Conclusão

O melhor de Deus é o que Ele nos está oferecendo. O melhor de Deus é hoje, agora. Aquilo que ele nos dá é sempre o melhor. Não há bênção mediana, nem promessa mais ou menos.

Deus sempre nos dá o melhor.

Se algo parece estar dando errado, não duvide! Não questione! Pode ser apenas que você tenha idealizado algo que não condiz com a realidade de Deus. É fruto da sua imaginação, e não da fé.

Deus tem sempre o melhor. Não perca o melhor de Deus porque os seus olhos não enxergaram o que você esperava.

Não deixe de se render a Cristo porque você ainda não enxergou a igreja que você imaginava, a vida cristã que você pretendia encontrar nos crentes.

Não deixe a igreja porque você esperava que fosse melhor, ou diferente.

Tome posse do melhor de Deus, e confie nEle, e não nos seus olhos.

E que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe sempre!


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