A IGREJA QUE JESUS PLANEJOU - PARTE 1: IGREJA QUE PERSEVERA

 


A IGREJA QUE JESUS PLANEJOU: IGREJA QUE PERSEVERA

Atos 2:42-47

42E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. 44E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. 46E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, 47Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se iam sendo salvos.

 

INTRODUÇÃO

Todos sabemos que a igreja é a menina dos olhos de Deus. É a comunidade que o Jesus planejou, criou, abençoou, continua abençoando, cuidando e sustentando, e assim o fará por toda a eternidade.

É uma comunidade cercada de proteção e poder, um poder tão grande que nem mesmo as portas do inferno são capazes de prevalecer contra ela.

A igreja é o povo de Deus, a geração eleita, o sacerdócio real; a assembleia daqueles que foram tirados para fora, chamados das trevas para a maravilhosa luz de Jesus.

Quando pensamos nessas poucas definições – sim, com certeza poderíamos citar muitas outras – percebemos que a igreja foi criada com pelo menos dois propósitos bem definidos:

1) ser o agente de propagação do reino de Deus ao mundo, através da mensagem do Evangelho, e

2) ser o local de acolhimento daqueles que, por meio do evangelho, receberam a graça salvadora de Jesus, e que agora precisam de uma comunidade onde possam cuidar e ser cuidados, fortalecer e ser fortalecidos, amar e ser amados, vivendo a plenitude da vida em Cristo aqui neste mundo até o dia do encontro com Ele, quando nos tornaremos efetivamente a eterna igreja triunfante gloriosa.

É claro que esses são propósitos bem elevados, e como tal, só poderão ser cumpridos através de atitudes de caráter bem elevadas, que vão requerer ferramentas de qualidade elevada e pessoas de disponibilidade elevada.

Se pensarmos assim, poderemos até, inadvertidamente, dizer que “ser igreja tal como Jesus planejou não é uma tarefa fácil”.

E, de fato, não é. Aliás, Jesus, certa vez, aconselhou que seus seguidores se esforçassem para entrar pela porta estreita, e pelo caminho apertado (Mt 7.13-14). O próprio Jesus disse em outra ocasião que “no mundo tereis aflições” (Jo 16.33).

Portanto, ser igreja tal como Jesus planejou exige esforço, empenho, engajamento, coragem e determinação.

Mas não são apenas ônus. É uma alegria fazer parte deste projeto divino chamado igreja. É gratificante ver o Senhor agindo, contemplar os milagres, viver o crescimento espiritual, experimentar a frutificação do Espírito e o desenvolvimento dos dons. Ver pessoas sendo transformadas, famílias sendo restauradas, homens e mulheres voltando a ter esperança, caminhar na leveza da graça e na força da fé.

E é para isso que você, membro da Igreja Batista Memorial do Veneza 2, foi plantado aqui, nesse local e nesse tempo. Para viver todas essas maravilhas, receber todos esses magníficos presentes, e ofertar o seu melhor para o reino de Deus.

 

Mas, quem é essa igreja que Jesus planejou? Como posso me tornar essa igreja? O que tenho que fazer?

Nesses dois dias, vamos conversar um pouco sobre qual é o nosso papel nesse projeto divino maravilhoso, no qual fomos inseridos pela graça do Bom Deus.   

Eu convido você a passear no texto bíblico que lemos, e vamos descobrir hoje a primeira característica da igreja que Jesus planejou.

 

I.               A IGREJA QUE JESUS PLANEJOU É UMA IGREJA QUE PERSEVERA

Perseverar é uma palavra de raiz latina que significa “persistir”, “ser constante”, “permanecer”, “conservar-se”. Em outras palavras, perseverar significa continuar, a despeito das circunstâncias.  

O versículo 42 diz que os crentes perseveravam:

a.              Na doutrina dos Apóstolos

Após o surgimento da igreja e sua expansão incrivelmente rápida, muitas doutrinas diferentes dos ensinamentos dos apóstolos começaram a surgir. Discussões, dissenções, divisões, distorções e heresias apareciam a todo momento. Mas o que manteve a igreja de pé foi o fato de que os crentes não se deixaram levar por esses ventos de doutrina. Eles perseveraram. Permaneceram firmes naquilo que haviam recebido.

Talvez um dos maiores desafios da igreja hoje seja perseverar na doutrina.

Vivemos num mundo onde se prega em praticamente todas as instâncias e segmentos da sociedade que não há nada de absoluto na vida, mas que tudo tem um valor relativo, subjetivo, e de acordo com diferenças na percepção e consideração.

E nesse mundo relativista, não há espaço para nenhuma verdade absoluta. Nossas crianças e adolescentes são bombardeados todos os dias, na escola; nós todos somos atacados diuturnamente pelas TVs e pelas mídias sociais, com ensinamentos sobre “as múltiplas formas de família”, “as múltiplas formas de amor”, que “o que importa é ser feliz”, etc.

Perseverar na doutrina dos apóstolos é andar na contramão do que o mundo ensina. É assumir uma postura firme a favor da Palavra de Deus, independente do que se possa dizer em contrário. É se posicionar, decidir, não abrir mão, não fazer concessões.

O sucesso da igreja de Atos estava justamente no perseverar.

b.             Na comunhão

A palavra comunhão significa sintonia de sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir; identificação.

A igreja que Jesus planejou é uma igreja que vive a comunhão, que fala a mesma língua, que tem os mesmos objetivos, os mesmos sentimentos, o mesmo modo de pensar, o mesmo modo de agir.

É uma igreja onde cada membro se identifica com o outro, pensa como o outro e rema para o mesmo lado que o outro.

Isso não significa, claro, que todos pensamos igual. Somos diferentes, temos escolas de vida diferentes, viemos de criação diferente, temos valores pessoais diferentes, manias diferentes, esquisitices diferentes...

E é justamente aqui que o milagre da comunhão acontece. Pessoas totalmente diferentes e que tem a mesma visão.

E como isso é possível? É possível se o nosso foco de visão for unicamente o Senhor Jesus. Hebreus 12.2 diz: fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Se todos estivermos olhando para Jesus, não há como ter visão diferente.

Mas há pontos de vista diferentes. Sim, isso porque os detalhes daquilo que estou vendo dependem do lugar de onde eu estou olhando.

Logo, detalhes podem ser diferentes, mas a visão é a mesma. E isso significa comunhão.

Um dos problemas da igreja de Corinto era justamente o fato de que eles não falavam a mesma língua. E Paulo os exortou, em 1 Coríntios 1:10, dizendo: Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês, e, sim, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer.

A igreja que Jesus planejou fala e pensa do mesmo jeito, e assim, vive a comunhão plena do Evangelho.

c.              No partir do pão

 

Partir do pão é mais do que simplesmente compartilhar refeições. É o almoço de domingo, o churrasco com a família. É o momento de bater papo, jogar conversa fora, brincar e falar sério. É momento de compartilhamento, de troca de informações, de rir, de chorar, de ser gente.

 

A igreja que Jesus planejou precisa mais do que nunca não somente viver, mas também promover esse “partir do pão” neste mundo tão individualista e imediatista que vivemos.

 

Hoje tudo é pronto. As pessoas precisam cada vez menos umas das outras para as coisas comuns do dia-a-dia, e isso faz com que necessitem cada vez mais umas das outras, porque estão cada vez mais solitárias.

 

O filósofo Mário Cortela diz que está faltando para as pessoas “fazer pamonha”. Antigamente, na roça, na época da colheita do milho verde, as famílias tinham o hábito de se reunir em um belo dia para fazer pamonha. E todo o trabalho era feito naquele dia. Tinha que ir na roça colher o milho, depois descascar, depois ralar, temperar, lavar a palha, fazer as “trouxinhas”, preparar a lenha para acender a fornalha, cozinhar o milho e só depois de todo esse trabalho é que eles se sentavam para comer.

 

Isso levava boa parte do dia, e envolvia todos os membros da família. Enquanto esse processo acontecia, a comunhão era promovida.

 

A igreja precisa voltar a fazer pamonha. Perseverar no partir o pão, gastar tempo uns com os outros, conviver mais, conversar mais, viver mais.

 

d.                  Nas orações

 

A oração é a chave que abre as portas da bênção, é o acesso direto ao poder de Deus. A oração é a ligação direta com o Pai.

 

Sem oração não há a manifestação da vontade de Deus. Sem oração, não há o derramamento do poder do Pai sobre a igreja. Sem oração não há milagres, não há desenvolvimento da fé, não há sobrenatural.

 

Sem uma vida de oração, a igreja deixa de ser um organismo espiritual vivo, e passa a ser uma instituição humana de encontros e recreação.

 

Contudo, quando a igreja descobre o poder da oração, ela começa a enxergar o mover dos céus, começa a ver o mundo espiritual, e experimentar a mesa do Pai.

 

A igreja precisa voltar à prática da oração. Infelizmente, em boa parte das igrejas, os encontros de oração são os menos frequentados. Algo precisa ser mudado.

 

 

CONCLUSÃO

 

A igreja que Jesus planejou é aquela que persevera. Persevera na doutrina, persevera na comunhão, persevera no partir do pão.

 

Assim, por meio da perseverança dos salvos, a igreja de Jesus atravessou séculos, suportou duras perseguições, injustiças, todo tipo de investida do inferno, e permaneceu firme.

 

A Igreja Batista Memorial no Veneza 2 está de pé há 27 anos porque perseverou. É claro que, nesse tempo, alguns desistiram, outros tombaram... mas a essência permaneceu. O povo de Deus continua firme, de pé.

 

E eu quero concluir essa palavra nesta noite, fazendo a você um convite à perseverança. O fato de você frequentar essa igreja ou até de ser membro dela não é algo ao acaso. Significa que o Espírito Santo de Deus o colocou aqui neste tempo, com um propósito bem específico para sua vida.

 

Quem sabe você é uma pessoa que frequenta, ou vem de vez em quando, mas ainda não assumiu um compromisso genuíno com o Senhor Jesus? Hoje é o momento de tomar uma posição, de estender a mão e receber o perdão e a salvação que está sendo oferecida pela graça de Cristo. Hoje é o dia de se tornar igreja de Jesus.

 

Ou talvez você já tenha tomado essa decisão ao lado de Cristo um dia, tenha se tornado membro da igreja, e esteja vivendo um dia de cada vez, sem se desviar, mas também sem se envolver tanto.  O Espírito de Deus está te convidando essa noite a tomar uma decisão de perseverar naquilo que você foi chamado por Ele.

 

Tome uma decisão hoje, entregue sua vida a Cristo, e você que já é de Jesus, mas entende que precisa voltar à doutrina da Palavra, voltar à comunhão ou voltar ao partir do pão, faça isso nesta noite.

 

E que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe, sempre.


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