É COMO SE NUNCA TIVÉSSEMOS PECADO
É COMO SE NUNCA TIVÉSSEMOS PECADO
“Não te lembres dos pecados e
transgressões da minha juventude; conforme a tua misericórdia, lembra-te de
mim, pois tu, Senhor, és bom” (Salmos 25:7).
O pecado foi a maior e mais terrível tragédia que sobreveio à
humanidade. O pecado é a razão de todos os males que aconteceram em todos os
tempos, a todas as pessoas. A desobediência do ser humano trouxe consequências
desastrosas. Separou o ser humano da convivência com o Criador, distanciou as
pessoas umas das outras, separou o homem de si mesmo e declarou guerra da
humanidade contra o restante da criação.
Por causa do pecado, vivemos em guerra constante. Guerras
entre povos e nações, guerra entre religiões, guerras fratricidas, guerra
conosco mesmo.
E esse contexto, esse cenário de guerra causado pelo pecado,
do qual – é sempre bom lembrar – não somos vítimas, mas agentes ativos
conscientes, colocou em nós uma marca de indignidade, por meio da qual jamais
poderíamos nos reaproximar de Deus e do seu plano, a não ser que fôssemos
reconciliados com Ele, com os demais seres humanos, conosco mesmo e com a criação.
Essa marca é uma tendência natural que cada ser humano tem
para o mal, para o pecado. Nossa natureza, agora afastada de Deus por causa dos
nossos pecados, é inclinada para as obras da carne, e “a inclinação da
carne é inimizade contra Deus” (Romanos 8:7).
Portanto, se somos naturalmente inimigos de Deus, como sermos
vistos e amados por Ele? Como nos tornar amigos novamente, se continuamos a
pecar, mesmo após todo o sacrifício de Jesus na cruz por nós?
O versículo que lemos é parte de um salmo alfabético ou
acróstico, ou seja, cada frase, no original, começa com uma letra do alfabeto
hebraico, respeitando a ordem alfabética. Por isso que, quando lemos o salmo
por inteiro, às vezes temos a impressão de que alguns assuntos se misturam e
que não há uma sistematização das ideias. É o efeito do acróstico. Mas o Salmo tem
um tema central: o perdão e a misericórdia de Deus.
Por se tratar de alguém que conhecia o Senhor, que o temia e
servia, Davi tinha convicção plena de que jamais houvera sido merecedor do
favor divino. No Salmo 8.4 ele chega a indagar: Que é o
homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele te
preocupes?
O que Davi deixa claro, e que todos nós precisamos compreender
é que a nossa ligação com Deus se dá única e exclusivamente por meio de sua
graça e misericórdia. A iniciativa é de Deus. É Ele quem nos busca, e não o
contrário.
Em 2Coríntios 5.18 Paulo diz que “Tudo
isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo”. Isso
significa que Deus é aquele Pai cuidadoso que, ao ver o filho cair, corre e estende
a mão para o levantar.
Se Deus não tivesse tomado a iniciativa de nos buscar, de vir
a nós, de nos reconciliar com Ele, jamais poderíamos sair da condição de
condenação, pois os nossos pecados criaram um grande abismo entre nós e Ele, e
esse abismo é intransponível por meios humanos. Isaías 59.2 diz
que “as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”.
E é essa consciência que leva Davi a fazer o pedido que lemos
no início desta mensagem: “Não te lembres dos pecados e transgressões da
minha juventude; conforme a tua misericórdia, lembra-te de mim, pois tu,
Senhor, és bom” (Salmos 25:7).
Davi profetiza aqui, por meio desta poesia, o sentimento de
Deus em relação a todo ser humano que recebe Jesus como seu Salvador e Senhor: É
como se nunca tivéssemos pecado!
De outra forma, Deus não nos ouviria, não olharia para nós. O
abismo de separação entre Deus e a humanidade exclui qualquer possibilidade de
contato com Deus. É absolutamente impossível a harmonia entre o Santo e o
profano, entre o Puro e o impuro, entre o Justo e o ímpio.
Romanos 3.10 diz: “Como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer.”
Assim, a única forma de sermos vistos pelo nosso Deus, é se, ao olhar para nós,
Ele não vir, não enxergar os nossos pecados.
E é exatamente isso que acontece! Por meio de Cristo, Deus
olha para mim e para você, e nos vê como se nunca tivéssemos pecado. É tão
fantástico que para alguns pode chegar a ser duvidoso. Parece até uma afirmação
presunçosa e pretensiosa. Como pode Deus olhar para mim, um ser humano cheio de
pecados os mais diversos, cometidos no decurso de uma vida inteira, e me
enxergar como se nunca houvera pecado?
Mas é exatamente o que acontece. E isso se chama
misericórdia!
E é isso que Davi está clamando ao Senhor, que o veja com
misericórdia. Misericórdia é uma palavra que vem do latim, de uma junção de
duas palavras: miserere e cardia, que significam, respectivamente, “ter
compaixão” e “do coração”. Em outras palavras, misericórdia significa coração
compadecido.
Salmos 103:8-10 diz que “O Senhor é compassivo e
misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não acusa sem cessar nem fica
ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos
retribui conforme as nossas iniquidades.”
O coração de Deus, em relação a nós é um coração compadecido,
misericordioso.
Deus não está procurando erros e defeitos. Deus não tem a
menor intensão de cobrar de nós o pagamento pelas nossas iniquidades.
Meu irmão, você precisa entender de uma vez por todas que Deus
não está procurando os pecados que estão em você. Ele está procurando você em
meio aos seus pecados!
Quando Davi pede “não se lembre dos meus pecados, mas se
lembre de mim, conforme a tua misericórdia”, em outras palavras ele está
dizendo: “Senhor, eu sou um pecador, estou marcado e manchado para sempre, e
nada do que eu fizer pode mudar isso. E se o Senhor não tiver misericórdia de
mim, se o Senhor quiser cobrar de mim o que é de direito, eu estou perdido, e
ninguém há que poderá me salvar. Somente a misericórdia do Senhor pode me tirar
dessa situação de desgraça eterna!
Sim, é esse o estado do homem sem Deus. Um estado de desgraça
eterna.
Mas em Efésios 2:1-5, a Bíblia nos diz:
1Vocês estavam mortos em suas
transgressões e pecados, 2nos quais costumavam viver, quando seguiam
a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora
está atuando nos que vivem na desobediência. 3Anteriormente, todos
nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne,
seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza
merecedores da ira. 4Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo
grande amor com que nos amou, 5deu-nos vida juntamente com Cristo,
quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.
O que Paulo está nos ensinando aqui é que aquela oração
profética de Davi, que lemos no início deste texto era de fato o que sempre
esteve no coração do Pai, e o que de fato acontece em relação a cada um de nós.
Ele não está interessado nas nossas transgressões e pecados,
mas em nós.
Ele não quer saber quantos pecados você já cometeu. Ele não está
contando. Ele não está preocupado com o tipo de pecado que cometemos, se foram
grandes ou pequenos aos nossos olhos. Ele quer transformar a desgraça da morte
eterna em vida eterna por meio da sua graça.
E o que Ele quer nesta noite é resgatar você do meio dos seus
pecados e te colocar numa posição, na qual Ele olha para você como se você
nunca tivesse pecado. Ou seja, Ele quer olhar para você e ver apenas aquele ser
que Ele criou à sua imagem, conforme a sua semelhança, para amar e se
relacionar!
A essência do coração compadecido de Deus é o amor. E a
salvação é a graça sendo derramada. É o perdão sendo recebido. É a mão estendida
para que todo o corpo seja levantado.
“porque pela
graça sois salvos por meio da fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef
2.8).
Isso porque, para vir de nós, seria necessária uma vida
genuinamente santa, algo que o pecado que habita em nós torna impossível. E é
aí que a misericórdia do Pai se manifesta. Jesus veio ao mundo para viver essa
vida genuinamente santa que não conseguimos viver, e para morrer pelos pecados
que não cometeu. Assim, todas as nossas culpas são remidas em Cristo, e é por
isso que Deus, em Cristo, nos vê como se nunca tivéssemos pecado.
Mas existe um “porém”. Apenas um, mas que faz toda a diferença:
A salvação não é automática.
Como dissemos anteriormente, Deus é aquele Pai que sempre
estende a mão para levantar o filho que caiu. Mas é preciso segurar a mão do
Pai para ser levantado. O filho caído tem a faculdade de recusar-se a receber
essa ajuda.
E esse é o grande problema da humanidade. As pessoas querem
levantar por si próprias. Querem cruzar o abismo que as separa de Deus com suas
próprias pernas, com seus próprios esforços. Elas querem “limpar” a si mesmas,
com as boas obras, com a religiosidade, com os rituais, etc., pensando que, se
assim procederem, ao chegar diante de Deus, talvez suas boas ações pesem mais
que seus pecados e assim, quem sabe, Deus tenha misericórdia delas, e as
permita não ir para o inferno.
O que essas pessoas ignoram é que Deus não está guardando a
sua misericórdia para manifestá-la no juízo final de acordo com os méritos e
deméritos do ser humano. A misericórdia de Deus já está manifesta. Ela já foi
dispensada a nós. Ele já está com a mão estendida para nos levantar da queda do
pecado, esperando apenas um gesto nosso, de segurar a sua mão, para nos tirar do
poço da perdição e nos trazer salvos para o seu reino, para olhar para nós sem
enxergar os nossos pecados e sem se lembrar deles.
No juízo final não haverá misericórdia! Jesus afirma em Mateus
7:22,23: “Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em
teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’
Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que
praticam o mal!’ "
A graça é eterna, mas a porta da graça tem dia e hora para
fechar.
E hoje ela ainda está aberta. Você quer ser visto por Deus
como se nunca tivesse pecado, e garantir que passará a eternidade com Ele,
desfrutando de todas as maravilhas que o poder infinito de Deus é capaz de
realizar?
Estenda a sua mão e receba a Jesus, como seu Salvador e
Senhor. Entregue seu coração a Ele. Aceite o perdão. Receba a graça. Reconcilie-se
hoje com o Pai.
Que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe sempre!
Comentários
Postar um comentário