ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE DO RECOMEÇO

 


ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE DO RECOMEÇO

 

Esdras 1:1-5

1No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias), despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: 2Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. 3Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa do Senhor Deus de Israel (ele é o Deus) que está em Jerusalém. 4E todo aquele que ficar atrás em algum lugar em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, com ouro, com bens, e com gados, além das dádivas voluntárias para a casa de Deus, que está em Jerusalém. 5Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a casa do Senhor, que está em Jerusalém.

 

INTRODUÇÃO

Estamos iniciando efetivamente o ano de 2022. A grande maioria das pessoas já retornou de suas férias, o mês de janeiro já acabou, fevereiro já está quase na metade, as crianças e os adolescentes já voltaram para a escola, nossa igreja já reiniciou a EBD Kids e o Culto Infantil, enfim, tudo está recomeçando.

A pandemia não acabou, aliás, está longe disso, mas a vida precisa seguir, e com as devidas adaptações, a vida vai voltando ao normal.

Contudo, quando falamos desse retorno, dessa retomada da vida, impreterivelmente precisamos falar também do ônus, do custo deste recomeço, e de quem é a responsabilidade de arcar com esse preço.

O texto que lemos é parte da história do retorno do povo de Deus do exílio na Babilônia para a cidade de Jerusalém. Resumidamente, a cidade de Jerusalém havia sido dominada e saqueada pelo império babilônico, nos tempos do rei Nabucodonosor II, e grande parte do povo de Judá foi forçadamente deportado para a terra da Babilônia, no ano de 578 a.C. 11 anos depois, nova investida contra Jerusalém saqueou o templo e fez nova deportação de praticamente todo o restante do povo para a Babilônia, onde permaneceram escravos durante 70 anos.

Após setenta anos de Escravidão, Deus interviu em favor do povo de Judá e o então rei Ciro decretou que o povo de Deus estava livre para voltar para casa.

Mas a história conta que esse retorno não foi simplesmente uma viagem tranquila, com cada um voltando feliz e sorridente para o seu lar. O recomeço teve um preço. Custou caro, e foi necessário que o povo assumisse a responsabilidade por isso, se entregando de corpo e alma nessa empreitada.

É claro que nós não estamos retornando de um exílio de 70 anos em um país distante. Mas 2022 para nós também significa um retorno. E assim como o povo precisou pagar o preço pela retomada de suas vidas, nós como igreja do Senhor, precisamos assumir uma postura de responsabilidade pela retomada da nossa vida, especialmente a nossa vida eclesiástica e espiritual.

O fato é que nós, e somente nós, temos a responsabilidade pelo recomeço, e para recomeçar, precisamos tomar algumas atitudes em relação a nós mesmos, em relação à igreja, e em relação ao nosso Deus. Atitudes que não podem esperar, mas que dependem de uma decisão pessoal, de cada um de nós.

 

1. EM PRIMEIRO LUGAR, PRECISAMOS DECIDIR RETORNAR

Um fato interessante na história do povo de Judá é que o decreto de Ciro para que todo o povo retornasse à sua terra, e reconstruísse a nação, não foi obedecido por todos os judeus. Muitos ficaram para trás.

Desses, alguns alegavam que já eram idosos, e teriam dificuldade para enfrentar a viagem de volta e o trabalho de reconstrução da nação; outros não quiseram ir porque tinham filhos pequenos, e a viagem poderia ser muito cansativa para as crianças; outros tinham negócios e haviam se estabelecido, apesar da condição de escravos, e estavam satisfeitos com sua vida minimamente confortável; outros haviam se casado com pessoas da Babilônia que não iriam deixar seu país, e portanto não tinham como deixar para trás suas famílias, enfim, para muitos judeus, o retorno para casa e a reconstrução do país e da vida não pareceram ser algo tão interessante.

Eles haviam se acostumado à nova realidade, tinham se conformado com a vida que levavam e era mais cômodo permanecer como estavam do que lutar para ter suas vidas de volta.

Assim acontece hoje com muitas pessoas. A pandemia, por exemplo, veio junto com a bênção do online. Foi por causa da internet que permanecemos juntos mesmo quando não podíamos nos reunir. Mas assim como Ciro decretou que o povo deveria voltar para casa, hoje os decretos não mais nos proíbem de congregar. E a pergunta que fazemos é: quantos não voltaram? Quantos decidiram permanecer em suas casas?

“Mas Pastor, a pandemia ainda não acabou, há risco ainda”. Sim, e continuará havendo por muitos e muitos anos! E é por isso que o recomeço não é somente um mar de rosas. É trabalhoso.

O povo de Israel precisou trabalhar duro, precisou se adaptar às novas realidades, precisou buscar novos recursos, novas tecnologias, muita dedicação e muita força de vontade foram exigidas do povo para que a nação fosse reconstruída.

Qual é o preço que precisamos pagar para retomar a nossa vida? É a máscara? Vamos usar a máscara! É a vacina? Vamos tomar a vacina! É ficar um pouco distante, diminuir o contato físico, usar o álcool em gel, lavar as mãos constantemente? Vamos fazer! O que não podemos fazer é ficar para trás, como aqueles judeus que não se uniram à caravana porque já tinham se acostumado à vida cheia de privações, mas minimamente confortável.

Pague o preço! Retome sua vida eclesiástica. Não abra mão de congregar. Não abra mão de vir para os cultos. Aqui é lugar de relacionamento, de renovo, de refrigério, de crescimento, de cura, de vitória, de bênção!

 

2. EM SEGUNDO LUGAR, DEVEMOS PERSISTIR, MESMO QUE TUDO DEMORE DE MAIS

Desde o decreto de Ciro até a efetivação do retorno e a reconstrução, se passaram cerca de 100 anos, e nesse período cinco reis governaram a Babilônia.

Em Esdras 4:5 lemos sobre o rei Ciro, que foi aquele que decretou que o povo de Deus voltasse a Jerusalém e a reconstruísse juntamente com o templo.

Ainda em Esdras 4.5, aparece o rei Dario, que precisou administrar uma contestação legal à reconstrução do templo, que foi levantada por um governador de uma região da Babilônia, chamado Tatenai. Dario precisou pesquisar os registros do rei Ciro, de cerca de 20 anos antes, para então resolver a questão e permitir que a obra do Templo tivesse seguimento.

Em Esdras 4.6 lemos sobre o rei Assuero, também conhecido como Xerxes I, aquele que foi o marido de Ester, que Deus fez rainha para salvar o povo de investidas contrárias à reconstrução da nação de Judá.

Em seguida, em  Esdras 4.7-23, lemos sobre rei Artaxerxes, que era o soberano da Babilônia na época da segunda e  da terceira caravana de emigrantes, lideradas por Esdras e Neemias.

E por último, há ainda um rei cujo nome não é mencionado em Esdras, mas que também reinou por um pequeno período durante este processo de retorno dos judeus à sua terra.

Juntos eles reinaram por cem anos, e a história do retorno de Judá para sua terra e para sua vida, perpassa esses cinco reinados.

O primeiro grupo voltou sob o comando do príncipe Zorobabel, logo depois do decreto de Ciro. O segundo grupo voltou oitenta anos depois, sob a liderança de Esdras, durante o reinado de Artaxerxes. E o terceiro grupo, voltou 13 anos depois do segundo, ou 93 anos depois do primeiro, agora sob a liderança de Neemias.

Cem anos para retomar a vida. Muitos começaram e não terminaram. Muitos lutaram, mas morreram antes de ver a vitória, e mesmo assim não desistiram.

Meu irmão, a retomada da vida em 2022 não será algo de dias ou semanas. Vamos levar muito tempo para voltar para casa e nos adaptar à nova ou às novas realidades. Muita coisa não será nunca mais como antes. Outras coisas vão voltar aos poucos. Mas é preciso persistir. Custe o tempo que custar, a igreja de Jesus no mundo precisa retomar sua missão. Precisa reconstruir, precisa reconquistar, precisa voltar a ser o farol que ilumina esse mundo tão escuro.

Deus está iniciando uma grande obra no mundo nesse pós-pandemia, e os primeiros agentes desta grande obra somos eu e você. As vidas que serão impactadas e transformadas pelo evangelho de Cristo passarão pela nossa disposição em não retroceder, em não desistir, mesmo que demore, mesmo que não vejamos os frutos.

Seja você esse agente de transformação. Não permita que o tempo o desanime ou tire do foco. Continue, participe, creia, permita-se ser usado pelo Senhor Jesus!

 

3. EM TERCEIRO LUGAR, DEVEMOS PROSSEGUIR, MESMO DIANTE DOS MUITOS OBSTÁCULOS

O povo de Judá não conseguiu voltar para casa pacificamente, sem contratempos e obstáculos. Muito pelo contrário, muita coisa aconteceu e muita gente se levantou contra o povo de Deus.

“Então a gente da região começou a desanimar o povo de Judá e a atemorizá-lo, para que não continuassem a construção. Pagaram alguns funcionários para que se opusessem a eles e frustrassem o plano deles. E fizeram isso durante todo o reinado de Ciro até o reinado de Dario, reis da Pérsia”. Esdras 4:4,5

Quando o povo foi levado de Judá, outros povos passaram a habitar aquela região. E quando o povo de Deus retornou, precisou enfrenta-los para retomar suas posses.

a) O povo de Judá precisou enfrentar o obstáculo do medo (vs 5 – Então a gente da região começou a desanimar o povo de Judá e a atemorizá-lo...). O medo é sempre um obstáculo que precisa ser encarado com fé e diligência. As pessoas que haviam invadido a terra de Judá começaram a atemorizar o povo de Deus, a amedrontar, colocar medo, fazer medo.

Quantos de nós estão atemorizados, com medo, apavorados, não querendo retomar a vida porque o medo está dominando seus corações. O inimigo de nossas almas está conseguindo tirar muito crente de combate, atemorizando-os com os perigos da Covid. Sim, a pandemia é perigosa e pode levar muitas vidas ainda, assim como lutar contra aqueles invasores também era perigoso, e com certeza levou muitas vidas. Mas o povo de Deus não pode ficar passivo diante do medo, pois sem coragem, não há conquista.

b) o povo de Judá precisou enfrentar o obstáculo da corrupção (“Pagaram alguns funcionários para que se opusessem a eles e frustrassem o plano deles) Haviam funcionários ou conselheiros subornados para falarem contra Judá. Essa corrupção, mentiras, relatórios falsos, maquiados, fake-news, juntas formaram um grande obstáculo à retomada da vida do povo de Deus.

Parece que estamos vivendo os mesmos tempos. Corrupção, mentiras, telejornais duvidosos, relatórios falsos, maquiados, fake-news, a desinformação é enorme e tem feito com que muitos crentes confundam a sua missão, o seu verdadeiro objetivo, e com essa confusão, não sabendo mais quem são, e o que devem fazer, acabam se desviando de seu propósito, direcionando suas forças para questões humanas, políticas, facciosas e para as paixões humanas. Para recomeçar, é preciso vencer o obstáculo da corrupção.

c) o povo de Judá precisou enfrentar o obstáculo da acusação (“No reinado de Assuero, no princípio do seu reino, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém” (Esdras 4:6)).

Durante esta pandemia temos visto muitas igrejas e muitos líderes serem acusados de promover a disseminação do vírus, de serem responsáveis por mortes, de fazer pressão no poder público para a reabertura dos templos, etc. Não é de hoje que a igreja de Jesus enfrenta acusações do mundo. Aliás, isso para nós deveria ser normal, pois a Bíblia diz que satanás é o acusador dos filhos de Deus.

O que não é e não pode ser normal, é que crentes se amedrontem diante de acusações falsas sobre a igreja. Não podemos desistir de recomeçar, de seguir em frente só porque o mundo levanta acusações contra nós.

Saiba que enquanto o mundo levanta acusação contra a igreja de Jesus, o próprio Deus se levanta para justificar os seus filhos: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Romanos 8:33)

d) é preciso enfrentar o obstáculo da Lei. Em Esdras 4.7-23 lemos que, Bislão, Mitredate e Tabeel escreveram uma carta para o rei Artaxerxes, caluniando cruelmente o povo de Judá. Essa carta fez com que o rei desse uma liminar interrompendo a reconstrução da cidade.

Quantas leis estão sendo editadas contra a igreja, contra a família, contra os princípios fundamentais que aprendemos na Palavra de Deus? Quantas igrejas estão esbarrando no obstáculo das leis dos homens para poder fazer a obra para a qual foram chamadas a realizar?

O obstáculo da lei não pode ser empecilho ao nosso retorno. Os homens cada vez mais editarão leis e decretos contra os filhos de Deus, mas a igreja de Jesus permanece para sempre, porque as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

 

CONCLUSÃO

Os próximos dias, semanas, meses, são apenas o começo de uma longa caminhada rumo ao recomeço, à reconstrução. Os dias são maus, mas Deus é bom, e a igreja do Senhor precisa avançar. Está chegando um tempo em que não haverá espaço na igreja do Senhor Jesus no mundo para aqueles que não querem se envolver, e produzir, e seguir em frente. Da mesma forma que a perseguição vem para tentar destruir a igreja (inutilmente), ela vem também como uma espécie de peneira, para mostrar quem de fato assumiu um compromisso verdadeiro com o Senhor Jesus, e está disposto a enfrentar o que for necessário para cumprir a sua missão.

O Evangelho romântico que prega um Deus que faz todas as nossas vontades não cabe mais. A vida cristã baseada no Coach evangélico, na autoajuda camuflada de nova interpretação da Bíblia não podem continuar enganando as pessoas. Como igreja do Senhor Jesus, precisamos nos levantar não contra isso ou aquilo, mas em favor de vidas.

É fácil ficar amedrontado, é fácil ficar desanimado, frustrado, inquieto. Mas é necessário que depositemos nossa fé firmemente em Jesus, e assumamos nosso papel neste mundo: somos agentes de transformação de vidas, regenerados para uma viva esperança, por meio de Cristo.

Levemos esperança às pessoas.

Que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe sempre.

 


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