ONDE ESTÁ DEUS?

 


ONDE ESTÁ DEUS?

 

9Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; 10E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.

Isaías 58:9,10

 

INTRODUÇÃO

 

Onde está Deus? Essa pergunta tem sido repetida ao longo dos séculos por incrédulos, céticos, ateus e pessoas desesperadas, desprovidas de fé e desesperançosas. Sempre que acontece alguma tragédia, sempre que a enfermidade chega em casa, ou chega no mundo como no caso da Covid-19, sempre que um ente querido morre, sempre que o desemprego chega e as finanças se descontrolam, enfim, sempre que a luta acontece, a velha pergunta volta à baila: “onde está Deus, que permite que tudo isso aconteça e não faz nada para mudar.

 

Essa semana mesmo fomos surpreendidos com uma tragédia enorme na Europa Central, principalmente na Alemanha e na Bélgica, com inundações gigantescas que já mataram mais de 170 pessoas, e deixaram pelo menos 1300 desaparecidos. E a pergunta volta: onde está Deus?

 

Aqui mesmo, no Brasil, no estado do Pará, uma outra tragédia nos surpreendeu esta semana, quando sete pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas no desabamento de uma torre de transmissão, durante um serviço de manutenção. E a pergunta: onde estava Deus?

 

E se formos estender o leque para duas, cinco, dez semanas, seis meses, um ou dois anos, etc., buscando catástrofes, violência, criminalidade, corrupção e outras situações trágicas, chegaremos à conclusão de que não vamos encontrar, em toda a história humana, nenhum período de calmaria. Ao contrário, sempre estivemos e sempre estaremos atravessando algum tipo de crise.

 

John Piper diz que “Se ecoarmos a voz de Deus a partir das Escrituras, ela sempre será ouvida durante o desastre na vida de alguém. E isso significa que se chorarmos com os que choram, o teclado ficará marcado pelas lágrimas — sempre”.

 

Portanto, a única coisa que podemos afirmar com certeza é que as tempestades da vida variam um pouco de intensidade, mas sempre estarão nos açoitando com suas ondas traiçoeiras, buscando nos levar para longe da presença do nosso Deus. Para o mais distante possível dEle, onde possa fazer sentido a pergunta: onde está o seu Deus?”

 

Mas o que boa parte da humanidade, e infelizmente até muitos crentes, não conseguem compreender é que Deus nunca, em nenhuma época, em nenhum momento, abandonou a humanidade, seja de forma coletiva, seja de forma individual.

 

Mas, se assim é, por que Deus parece estar tão distante em algumas lutas da humanidade? Por que as guerras, as tragédias, as doenças, a maldade, e toda sorte de males continuam assolando as pessoas mundo afora, e Deus, com todo o seu infinito poder, parece não querer se intrometer, nem interferir de alguma forma? Onde está Deus?

 

O versículo 9 diz: Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se...

 

Notemos que há uma condicional para encontrar Deus, para que Ele nos responda. É fato que Deus ouve cada oração, cada frase, cada palavra dita a Ele, venha de quem quer que seja. Mas Deus nem sempre responde. Nem sempre diz: “eis-me aqui”. Para isso é preciso que alguns aspectos sejam observados.

 

 

I – Em primeiro lugar, para que Deus nos ouça e responda, e saibamos onde Ele está, precisamos abandonar o jugo opressor.

 

O que é o jugo? Jugo é uma estrutura ou barra de madeira que é colocada sobre um ou dois animais que estejam puxando uma carga pesada. O jugo é encaixado e preso ao pescoço do boi, e é normalmente amarrado a uma corrente, cuja outra extremidade é presa em uma carroça, um arado ou algum outro objeto para ser arrastado.

 

O jugo opresso é quando a carga a ser puxada é maior que a capacidade do boi. E é a isso que o Senhor está se referindo: “eu responderei a vocês e direi “eis-me aqui” quando vocês deixarem de oprimir os mais fracos, deixarem de colocar sobre os outros uma carga excessiva, abusiva.

 

Quando o patrão deixar de tratar o empregado com autoritarismo e desrespeito, quando deixar de exigir dele além de suas forças, quando valorizar o seu trabalho e lhe pagar um salário digno; quando o líder entender que tem colaboradores e não subordinados, marido parar de oprimir a esposa, forçando-a a jornada dupla de trabalho, sem se preocupar em partilhar as tarefas que são de todos; enfim, quando as pessoas compreenderem que todos somos iguais, e complementares uns dos outros na senda da vida, então o Senhor dirá “eis-me aqui”?

 

Nenhum de nós conseguirá enxergar Deus, se primeiro não enxergarmos uns aos outros. Ninguém verá a Deus, se primeiro não vir o seu próximo e suas necessidades.

 

 

II – Em segundo lugar, para que Deus nos ouça e responda, e saibamos onde Ele está, precisamos abandonar o estender do dedo

 

O estender o dedo existe desde o início da humanidade. O primeiro a apontar o dedo foi Adão. Ao ser arguido pelo Senhor, se havia comido do fruto proibido, sua primeira reação foi apontar para a mulher. Ele aponta, inclusive, para o próprio Deus, ao afirmar: “a mulher que tu me deste”.

 

Desde então a humanidade passou a estender o dedo, a apontar o próximo como sendo o grande problema.

 

O ser humano aponta o dedo para o outro, primeiro, para se eximir da responsabilidade. O outro é responsável. O outro é culpado. Eu só estou vivendo todo esse turbilhão porque alguém fez algo contra mim, ou deixou de fazer algo que era devido, e isso me causou todo esse sofrimento.

 

Esse alguém pode ser até mesmo o Senhor. Ele é o culpado? Onde ele está, que não me ajuda? Estou pedindo há tanto tempo, mas não tenho resposta. Se Ele olhasse para mim, eu não estaria nessa situação.

 

Mas em segundo lugar, o ser humano aponta o dedo para tirar o foco de si mesmo. Quando estamos com os holofotes apontados para nós, temos exposto todo o nosso pecado, todas as nossas limitações, toda a nossa incapacidade. Tudo isso vem à tona, e não queremos que as pessoas pensem que somos fracos. Por isso, é melhor apontar para os outros, porque assim as luzes sairão de sobre nós, e passarão a eles.

 

Mas Jesus nos ensina exatamente o oposto. Por que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não vê o tronco que está no seu próprio olho? 4 Como é que pode dizer ao seu irmão: “Deixe-me tirar o cisco do seu olho” quando você mesmo tem um tronco no seu próprio olho? 5 Hipócrita! Tire primeiro o tronco que está no seu olho e então verá muito melhor para tirar o cisco do olho do seu irmão (Mt 7.3-5).

 

Se queremos ser ouvidos por Deus, se queremos que Ele nos responda “Eis-me Aqui”, precisamos olhar para nós mesmos, reconhecer o nosso pecado, nos arrependermos, mudarmos a nossa maneira de pensar, nos convertermos, mudando a nossa maneira de agir, e permitir que o Espírito Santo passe a comandar a nossa vida.

 

 

III – Em terceiro lugar, para que Deus nos ouça e responda, e saibamos onde Ele está, precisamos abandonar o falar iniquamente

 

Falar iniquamente remete a toda palavra mentirosa, fraudulenta ou maldosa, mas não somente isso, remete também a toda conversa que demonstre um deslumbre ou uma obsessão pelas coisas do mundo, que não têm nenhum valor eterno.

 

Falar iniquamente vai desde a piadinha maldosa até as grandes e intermináveis discussões sobre coisas desse mundo.

 

Lucas 6:45 diz que: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca”

 

O falar iniquamente é resultado de um coração onde não habita o Espírito de Deus e, por consequência, é um empecilho para a resposta de Deus às nossas petições e anseios.

 

 

IV – Em quarto lugar, para que Deus nos ouça e responda, e saibamos onde Ele está, precisamos amar e cuidar uns dos outros

 

10E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita

 

Quantas pessoas, ao nosso redor, estão padecendo necessidades! E não estamos aqui a falar simplesmente da questão alimentar que, claro, é de extrema importância, mas sim de ajudar uns aos outros em todas as suas necessidades.

 

O mundo, por exemplo, está faminto de Jesus! Está padecendo pela falta do Pão da Vida que nós temos para distribuir, através do nosso testemunho, da pregação do evangelho, de missões...

 

O mundo está sedento de amor, de abraço, de atenção. E isso todos temos para oferecer. Abrir a alma ao faminto significa amar as pessoas, servir às pessoas, cuidar das pessoas, e é um requisito para sermos ouvidos por Deus.

 

Se a necessidade do próximo não nos comove, e nem nos motiva a ajudar, então não seremos capazes de encontrar Deus, pois para que Ele responda “eis-me aqui”, é preciso amarmos uns aos outros e cuidar uns dos outros.

 

 

CONCLUSÃO

Deus nunca nos abandonou. Nunca se afastou de ninguém. Nunca virou as costas para a humanidade. Aliás, para não nos dar as costas, Ele preferiu dar as costas ao seu próprio Filho Jesus Cristo, quando este foi pregado na cruz em nosso lugar. Ali foi o único momento que Deus deixou, por alguns instantes, de olhar para um ser humano, esse chamado Jesus.

 

Ele está sempre conosco. Mas para encontrá-lo é preciso que estejamos na luz. Na luz da sua Palavra, na luz do seu Espírito Santo. E para que a nossa luz brilhe como o sol do meio dia, precisamos abandonar o jugo opressor, o apontar de dedo, o falar iniquamente, além de olharmos para o nossos próximo com olhos de amor e bondade.

 

Assim, a luz de Cristo brilhará em nós e seremos canal de bênçãos, para iluminar toda a humanidade.

 

Você quer brilhar essa luz de Jesus? Abandone o pecado, abandone as trevas, deixe Jesus preencher o seu coração, e passe a viver no brilho da glória de Deus.

 

Onde está Deus? Ele está logo após o “eu” humano. Se deixarmos para trás o nosso eu, o encontraremos, e viveremos nEle, e Ele em nós.

 

Que Cristo, em sua infinita graça, nos abençoe, sempre!


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