A INEXPLICÁVEL GRAÇA DE CRISTO
A INEXPLICÁVEL GRAÇA DE CRISTO
Texto base: Efésios 2.8-10
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.
Introdução:
A graça de Jesus é algo que não podemos explicar. É o reflexo do amor infinito e incondicional de Deus para com a humanidade, e só se justifica porque Deus nos amou, porque ele quis nos amar, e porque ele faz isso não por nossa causa, mas por causa dele mesmo.
A graça de Cristo advém única e exclusivamente do Amor de Deus para conosco. Amor que cobre uma multidão de pecados (1Pe 4.8), e faz com que Deus, sabedor de nossa indignidade para com ele, decida nos presentear mesmo assim. Ele nos amou primeiro, e nos ofereceu sua graça antes mesmo de nos decidirmos a viver por ele (Rm 5.8).
Se por um lado, na Antiga Aliança, o povo era regido por lei, agora, porém somos regidos por graça, uma vez que o autor da graça cumpriu a lei, para que pudéssemos viver sem o peso da obrigação da lei, ou seja, sendo totalmente livres para viver para o Senhor.
O texto que lemos deixa isso bem claro, e traz para nós algumas lições sobre a graça de Cristo para as quais precisamos atentar.
1) Somos salvos pela graça (Ef. 2.8) – "Pois vocês são salvos pela graça (...)"
Todos nós nascemos debaixo de condenação. Todos nascemos com o pecado plantado em nosso coração. Semente que, inevitavelmente, germinará um dia, nos destituindo da glória de Deus (Rm 3.23). Não há escapatória. Desde o primeiro ser humano que pisou esta terra, até o último que pisará, todos fomos contaminados pelo pecado. Isso quer dizer que não é necessário ao ser humano fazer nada para ir para o inferno. Basta existir nesse mundo, e permanecer vivo até que se atinja o que chamamos de "idade da razão", quando começamos a discernir o bem e o mal, e por natureza, optamos inevitavelmente pelo segundo.
Desta forma, precisamos compreender que o assassino, o adúltero, o desonesto, o idólatra, a prostituta, o viciado, e quaisquer outros rótulos que possamos conhecer, receberão, se não forem alcançados pela graça, o mesmo fim do honesto, íntegro, probo, ilibado, bom, etc., que também não tenha sido alcançado pela graça.
A princípio tal afirmação pode nos parecer injusta, mas quem somos nós para questionar Deus no quesito justiça? Isaías 64.6 diz que "todos os nossos atos de justiça são como o trapo imundo". Portanto, por mais que nossa pequenina mente humana possa questionar e discordar, na justiça de Deus a condenação é uma só, e veio pela desobediência do homem, não importando quantas vezes nem em que níveis ela aconteceu.
E é justamente aí que entra a graça de Cristo, que é manifesta na medida no nosso pecado. Romanos 5.20 diz que "onde o pecado abundou, superabundou a graça".
Logo, não há salvação senão pela graça de Cristo. Mesmo se vivermos uma vida honesta e digna, ainda somos pecadores e somente por sua graça é que podemos obter a salvação. Se alguém, ao contrário, vive uma vida podre e cheia de pecados, a esse também é disponibilizada a graça, na medida de sua necessidade, para que também possa obter a salvação.
2) Não há graça sem fé (Ef. 2.8) – "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé (...)"
Um dos grandes princípios do Evangelho de Cristo, é o da justificação pela fé. Só é possível recebermos a graça de Cristo cremos verdadeiramente em sua graça e em seu poder. O requisito para a salvação, descrito em Romanos 10.9-10 é confessar e crer. Sem fé não é possível obter a graça de Cristo, que é disponibilizada ao homem nas seguintes condições: ou cremos verdadeiramente em Jesus, em seu sacrifício vicário na cruz do Calvário, em seu amor e sua compaixão, em sua graça salvadora e em seu poder de nos tornar novas criaturas, e assim recebemos, por sua graça, a salvação de nossas almas, ou optamos por não crer, e a condenação sob a qual nascemos continuará valendo e se concretizará na eternidade, ao passarmos deste mundo.
Precisamos, portanto, compreender verdadeiramente o que vem a ser essa fé, essa crença indubitável em Jesus e em sua graça. E o primeiro passo para essa compreensão é aceitar que na graça não há a lei do mérito e demérito.
Muitos de nós, apesar de dizermos que cremos e que vivemos debaixo da graça, ainda continuam crendo, lá no fundo, que nossas obras e atitudes vêm a ter alguma influência, seja positiva, seja negativa na graça de Cristo derramada sobre nós. Prova disso é que muitas vezes deixamos de falar ou pedir algo ao Senhor, porque aos nossos olhos, nossa vida não está totalmente no prumo de Deus, e portanto, queremos primeiro corrigir aquilo que não está correto, para que possamos nos sentir, então, com mais "moral" para orar. Porque uma vez estando "livre" de pecado, aos meus olhos, eu posso "ir à presença do Senhor" com mais segurança de que ele ouvirá minha oração.
É claro que a consciência do pecado é algo incômodo para nós que já experimentamos a graça de Deus, e quando pecamos, a natureza de Deus que agora habita em nós, grita contra nosso pecado, fazendo com que nossa consciência nos acuse do mesmo. Mas não se pode confundir o incômodo do pecado com méritos e deméritos, pois se basta um só pecado para que o homem seja destituído da glória de Deus e condenado ao inferno, fosse nosso relacionamento com ele baseado em méritos e deméritos, bastaria um único pecado para que não mais nos ouvisse, e não nos salvasse.
Esta afirmação, nos leva naturalmente à terceira lição que o texto nos apresenta:
3) Na graça, nossa obras são inúteis – "(...)não por obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.9)
Certa vez, ainda adolescente, assisti a uma palestra na escola, sobre amor ao próximo. A pessoa que a ministrou falou muito bem, da necessidade de nos amarmos uns aos outros, e de nos ajudarmos mutuamente, enfatizando que somente assim nos sentiríamos realizados enquanto seres humanos, pois somente demonstrando amor ao próximo é que cumpriríamos o propósito de nossa existência.
Tudo muito belo e verdadeiro, exceto por algo que afirmou ao final. Disse ela: "tenho buscado na caridade o objetivo de minha vida, para quando chegar diante de Deus, ele se lembre de tudo que fiz, de como ajudei as pessoas, de como vivi para o próximo, e assim ele terá misericórdia da minha alma e, quem sabe, me dará um lugar no céu".
É dessa forma que muitos creem, e o diabo, inimigo de nossas almas, tem se aproveitado dessa falta de fé e de conhecimento da Palavra de Deus, para fomentar esse sentimento no coração do homem, fazendo com que o mesmo passe a vida toda tentando merecer a graça de Deus por meio de suas obras, e ainda assim sejam, ao final, condenados ao inferno, por não terem crido no Unigênito Filho de Deus. João Jo 3.18 deixa claro que aquele que não crê já está condenado
Paulo afirma em Romanos 11.6 que "se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça".
Desta forma, resta indubitável que as boas obras são apenas um reflexo da graça que opera e nós, e não uma condição para nossa salvação.
4) Pela graça, tudo foi concretizado em Cristo – "Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus (...)" (Ef 2.10)
Criação realizada em Cristo. Obra prima do Senhor, concretizada nele. Criados por ele e realizados nele. Tudo vem de Deus, tudo está centrado em Cristo. Nossa vida, nossas obras, nossa salvação, nossa fé. Ele está no centro de tudo. Em Romanos 11.36, Paulo afirma que "porque dele, por ele, e para ele são todas as coisas".
Quer receber a salvação em Cristo, entenda que isso não acontecerá por meio de nossos esforços, mas por meio do esforço dele. Não acontecerá por meio de promessas e sacrifícios, mas por meio do sacrifício dele na cruz do calvário. Não ocorrerá por nosso "bom" caráter, mas pelo caráter santo dele. Não é pela fé que nós desenvolvemos nele, mas pela fé que ele nos deu (não vem de vós, é dom de Deus – Ef 2.8).
O que então precisamos fazer?
Receber. Receber a graça, receber o amor, receber o perdão, receber a vida, receber a salvação, receber o presente, receber essa natureza de Deus, que é unicamente amor. Amor a ele, amor ao próximo. "Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro" (1Jo 4.19).
Conclusão
Ele já fez tudo. Nele tudo se concretizou. É chegada a nós a salvação. Tito 2.11 diz: "Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens".
Não queiramos merecer. Apenas aceitemos sua graça, para que possamos experimentar a vida que só Ele, Jesus, pode nos proporcionar. "eu vim para que tenham vida, e vida em abundância" (Jo 10.10).
E uma vez experimentando essa verdadeira vida, convertidos a ele, libertos do peso da lei, salvos por sua graça, livres, libertos, poderemos sim glorificar a ele com nossa vida, e isso se manifestará em nós através de amor.
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